despedidas...

Mais um fim de semana q se passa...
Guardo as coisas, deixo a casa "arrumada", me despeço da Sandy (eh, Sandy... minha cadelinha, dá uma peninha deixá-la em casa...), falo com meus pais q estão do outro lado do país, ligo pra namorada q tb estah por lah (vcs fazem uma falta descomunal...) e aviso minha irmã q estou pronto pra mais uma semana...

Hj mais do q nunca reparei q a vida eh feita de despedidas, umas traduzidas num ateh logo, outras em expressões de saudades, de desejo por rever logo quem deixamos, despedidas de caráter definitivo... enfim, nenhuma delas eh agradável, sempre dói, dah uma tristeza... se despedir de quem gostamos naum eh fácil apesar de necessário... (infelizmente naum dah pra ficar o tempo todo com quem gostamos...) Pelo menos aos q podemos ver novamente resta o alívio de saber q em breve estaremos juntos...

Nesses quase 5 anos de regime de internato aprendi a conviver com a vontade de estar perto sem poder, sentir muita saudade, conter emoções, não estar presente em momentos importantes (perdi um avô e soh soube q ele tinha se acidentado ao chegar em casa... 3 dias depois), aprendi tb a dizer q está tudo bem quando na verdade a rotina está me matando, não adianta preocupar quem está do lado de fora com os problemas daki pq simplesmente ninguém pode resolver, coisas de militar!

Quando me perguntam se gostaria q meu filho seguisse a mesma carreira q eu... (bem, naum tenho um filho ainda neh, hehehe) mas penso um bocado e vejo q... a menos q ele queira muito, naum, eu naum aconselharia... crescemos como pessoas? sim, de certa forma devo muito ao meio militar, gosto realmente do q faço, mas o preço eh alto e não sei se meu pequeno estaria disposto a pagar por ele, sim, o preço ao qual me refiro está cravado no que chamamos de "rosa das virtudes" de um soldado, é a tal da ABNEGAÇÃO... É ela que nos afasta d quem amamos, subjulgando nossos desejos colocando-os em segundo plano...

Vontade de "chutar o balde"? Quem não a tem? Apesar de tudo, é necessário controlar as emoções, tudo oq passamos na vida não é à toa, uma vez um homem disse pra mim... "Deus sabe de todas as coisas, ele pode fechar uma porta e abrir uma janela... Cabe a nós saber se queremos entrar por essa janela ou não..."
Sábias palavras, este homem estava me reprovando no ano em que passei pela primeira vez para o Colégio Naval... (meu mundo estava desabando naquele dia... felizmente tive forças pra reerguê-lo). eu sequer sabia q no ano seguinte teria a mesma oportunidade além de muitas outras no mesmo ano podendo escolher pra onde ir... enfim, a janela se abriu e eu decidi entrar por ela... Hj sofro com a tal da abnegação!

E tem o lado bom disso tudo? Claro q tem, sempre tem... o positivo, certo?
Se não tivesse pulado por essa janela não teria conhecido pessoas maravilhosas, não teria viajado, não teria a certeza de um bom futuro dentre pequenas coisas do dia-a-dia que realmente fazem a diferença e me mantém forte suportando as tormentas!

Oq dizer sobre tudo isso? Tudo na vida tem seu preço, hj sofro com a ausência mas sei q amanhã garantirei minha presença, feliz com oq faço, com quem amo e com sonhos realizados...
Sonhos... como já dizia o poeta... "jamais desista de seus sonhos..."

Pra finalizar... Vale a pena ler...

Trecho da carta de Moniz Barreto ao rei de Portugal em 1893...

"A El – Rei
Senhor, umas casas existem, no Vosso Reino, onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã a um toque de corneta se levantam, para obedecer. De noite, a outro toque de corneta se deitam, obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza das suas acções é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar.Quando eles passam na rua juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por MILITARES: Eu cá chamo-lhes padres. Padres de religião Augusta, a única possível nos dias de hoje; a do civismo. Por essa divina humildade que os faz semelhantes a coisas, eles se levantam acima dos outros homens.Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem: como se os cobres do pré pudessem pagar a LIBERDADE e a VIDA. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão.Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço da sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e a defendem da invasão estrangeira e do jugo das paixões.Se as forças das coisas os impede agora de fazerem em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem.Porque, por definição o Homem de guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha à sua esquerda vai a coragem, e à sua direita a disciplina."
Moniz Barreto … 1893